quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

novo discurso


"Hansen Bahia- Karl Heinz Hansen nasceu no dia 19 de abril de 1915, em Hamburgo, na Alemanha. Vindo de uma família humilde era filho de Carl Hansen e de Hertha Hansen Neverman. Estudou arte na Alemanha e na Suécia, além de fazer literatura e cinema. Antes de seguir carreira de artista, Hansen foi pintor de paredes, vendedor de sorvetes e marinheiro, sendo esta última ocupação a que mais marcou sua vida. Iniciou sua carreira como artista plástico aos 30 anos de idade, após a Segunda Guerra Mundial, quando deixou de ser marinheiro das tropas militares lideradas por Hittler."de uma citação num site em que se quer dar um novo perfil ao famigerado que fazia arte a partir de cenas de tortura.....

E um novo discurso esta sendo criado para esse nazista para justificar uma fundação de arte baiana! agora o discurso é HANSEN, O HOMEM. mas que HOMEM? sem passado, de preferência. sem sequer citar o período dele como um colaborador das atrocidades da segunda guerra mundial.agora ele esta virando um herói, um artista, humilde, que amou o Brasil e por isso se naturalizou....o pior cego é aquele que não quer enxergar!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

novos angulos

novos ângulos cachoeiranos,
é sempre bom rever a cidade em que vivemos. por roupas para secar em frente as casas é típico dessa região e eu creio que fiz um comentário
sobre esse costume em algum post passado. mas fotografar esses varais à noite é a primeira vez.
esse foi um tema de uma equipe na Antropologia Visual,no semestre que acabou, mas elas pecaram por não colocar fotos explicitas dessa pratica, só falar. foto em determinada situação vale mais do que um milhão de palavras!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

nas ferias....

acredito no Italo Calvino, embora esta postagem ficaria mais coerente no meu blog de Livros....

domingo, 19 de dezembro de 2010

Um domingo em Cachoeira





Um dia quase vazio de gente pelas ruas da cidade; a maioria dos universitários (estudantes e professores) viajaram para ferias com suas famílias de origens em outros locais da Bahia, Pernambuco, Paraíba, Minas Gerais, São Paulo, Sergipe, Santa Catarina, Rio de Janeiro.....Combinei com uma professora da Comunicação( que amanhã estará indo para Araraquara, SP), em sairmos para fazer umas fotos da cidade vazia, entre o por do sol e à noite, pegando de preferência a Lua, que hoje esta completamente cheia, e linda.Foi um excelente divertimento. Fiz/capturei 123 imagens e aqui esta apenas as fotos do final do dia, as da noite
estão ficando armazenadas para um trabalho em breve.....

passeio na orla do rio Paraguassu.....

... e que belo azul a minha lente NIKON capturou....
e ainda existe quem prefira ficar em frente de um aparelho de TV vendo e ouvindo gente feia falar de coisas feias ......... !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

sábado, 18 de dezembro de 2010

festas e festas





Defesa do TCC de Emannuel, bacharelando em Museologia, seguida de abertura de mais um espaço museologico em Cachoeira sob a tutela da Universidade F. do Reconcavo da Bahia e no final da noite uma cervejada na rua mais cult da cidade deu como encerrada as comemorações de mais uma etapa concluída, tanto pelos estudantes , quanto pelos professores.
Foi divertido, descontrído e nem a presença de um babaca com uma moto fazendo aceleração barulhenta propositalmente nos nossos ouvidos por alguns minutos atrapalhou o clima de confraternização e esperança nos tempos vindouros, e que sejam bem vindos como o Ouro.....

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

remexendo o bau....achei Moema dando comidinha a passaros...

agora que as ferias chegaram, e o descompromisso é a palavra de ordem, está tudo voltado a remexer baús, fabricar novas bonecas, novos bordados e fazer novíssimas leituras. brincar com
os objectos, eis a palavra de ordem, seguida de rememorar fotos antigas, embora essa da Moema que ilustra esse post nem seja tão antiga assim. sem perder o foco do que vou trabalhar nos próximos semestres desse curso museológico.....

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

começo das ferias....

Ferias, ferias, ferias, todos a querem...
Aproveito para por em dia a minha produção de bonecas de pano e curtir um pouco (http://debonecadepanos.blogspot.com está a nova safra delas retratadas e documentadas)
fazer
instalações aqui na minha casa.....

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

As brincadeiras vão continuar

Agora que terminou o semestre e as aulas so retornarão em março de 2011 vou ter todo o
tempo possível para brincar com as imagens e os objetos e ir observando o sensorial disso tudo para
dar continuidade aos estudos/pesquisas e quem sabe escrever um trabalho de conclusão de curso/////// \\\\\\\\\\\\.........................................

Conclusão do curso de Antropologia Visual





Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Centro de Artes Humanidades e Letras

Curso : Museologia

Disciplina : Antropologia Visual

Docente: Professora Angela Figueiredo

Discente : Maria de Fatima Pombo de Barros

Um Olhar em Movimento

Considerar a oposição entre tradição e modernidade é já uma herança moderna,uma vez que é em relação ao processo de ruptura inaugurado pela modernidade que os ideais em relação aos quais ela se demarcará são definidos como tradicionais tal como é em relação aos ideais de tradição que os projectos de ruptura em relação a esses ideais são definidos como modernos.”

Tradição e Modernidade”

Adriano Duarte Rodrigues

Universidade Nova de Lisboa

1997

Desde os tempos mais remotos registrar imagens é o impulso misterioso dos seres humanos; desde os habitantes da Pré-História, ate o momento atual, denominado de Moderno pelos intelectuais, essa prática direciona todo o comportamento nos diferentes sistemas étnicos e antropológicos.

A Fotografia desde a sua invenção mostra no “misterioso”, o movimento congelado de uma ação, a Fotografia registra e t ransforma este “mistério” em documento que possibilita o estudo no presente e no futuro de todo esse emaranhado de idéias, de ideais construído e constituído das obras humanas; o u seja o Homem esta no centro de toda essa atividade, de todo esse sentido do fazer e do existir.

O Olhar em Movimento sobre os meios de transportes em Cachoeira esta inserido num contexto social, antropológico que não poderia ser de outra forma senão esse : do homem e seus fazeres numa cidade “tombada”, de passado “histórico” e que vive um momento de transição entre o que foi e o que precisa ser para acompanhar a modernidade do tempo, sem perder suas tradições.

Quando a fotografa se estabeleceu na cidade da Cachoeira para fazer o bacharelado em “Museologia”, na UFRB, em 2009, uma das primeiras visões retratadas do cotidiano urbano da cidade citada foi esse comportamento do Homem e suas alternativas de locomoção, sejam com as carroças puxadas a cavalos, ou à mão, sejam com os carrinhos também puxados à mão, veículos utilizados quase sempre para transportar cargas, e as bicicletas e motocicletas que nas cidades interioranas do Brasil vêm substituido sistematicamente o uso dos cavalos, burros e jumentos ( este animal inclusive em estado de extinção) como formas de transporte social.

Observar e registrar esse comportamente fazendo um paralelo à modernidade em contrapartida ao comportamente antigo, ou seja “tradicional” é fazer um retrato da Vida Aqui e Agora e deixar para as futuras gerações de pesquisadores às suas próprias opiniões sobre este Olhar em Movimento.

Ao escolher entre tantas imagens capturadas na cidade da Cachoeira, no Recôncavo da Bahia, desde novembro 2008 até o presente momento, (dezembro de 2010), os meios de trasnportes que são os fatores que mais nos dão uma visão direta e objetiva da pesquisa entre a modernidade versus tradição, a equipe quis fazer um recorte direto para demonstrar a v eracidade de sua pesquisa antropológica. Os contrastes entre os carros modernos, os ônibus, os caminhões, com as carroças puxadas a burro ou à mão, assim como os carrinhos e todos os tipos de engenhocas criadas para o transporte de cargas numa cidade de arquitetura colonial, ( por isso tombada como patrimonio histórico nacional), faz com que as imagens que são registradas através de uma câmara fotográfica nestes cenários, sejam únicas. E como disse Roland Barthes,( apud Koury) :“a fotografia , para surpreender, fotografa o notável,mas logo, por uma inversão conhecida, ela decreta notável aquilo que ela fotografa”, em seu livro “A Câmara Clara”.

Apesar da observação “verdadeira” de John Collier Jr in “ANTROPOLOGIA VISUAL. A fotografia como método de pesquisa”, em que ele diz : “Por razões diversas, os homens de hoje não são bons observadores e a grande capacidade de penetração da câmara pode ajudar-nos a ver mais e de forma mais acurada,” ainda assim é possível que sem uma intenção, sem um objetivo consciente e com um ser humano no comando, essa cãmara não fizesse sózinha um registro passar de geração à geração.

Esse trabalho de pesquisa em que foi sintetizado como “Um Olhar em Movimento”, que teve seu início em novembro de 2008, foi através de uma câmara Sony Cyber-shot f5.8-17mm 1:2. 8-4.8 de 7.2 mega pixels, porém esse equipamento foi substituído por um equipamento NIKON D5000, em março de 2010, por várias razões sendo a principal, uma melhor qualidade das imagens e do que se pretende fazer com o resultado da pesquisa que pode durar ainda uns bons cinco anos a frente. Não existiu em momento algum um horário definido para fazer as fotos, todas elas foram feitas em diferentes momentos de horas, em diferentes dias da semana; apesar de parecer como algo alienado, o resultado mostra outra definição, pois o cotidiano do ser humano nunca é uma alienação, tudo existe porque existir É.

Um outro ponto fundamental para o pesquisador que se utiliza de registros fotográficos em seu trabalho é, quando se depara com a quantidade de imagens capturadas, e o que fazer na hora de escolher uma entre outra. O que fica de fora? O que é mais importante no momento da escolha? O que fazer com aquelas imagens que nunca serão vistas pelo olhar do outro? Perguntas muitas vêzes impossíveis de terem respostas imediatas.

Algo que chamou a atenção da fotógrafa foi a quantidade de mulheres e crianças usando o cavalo como meio de locomoção. Elas, às mulheres e às crianças, vêm da área rural para abastecerem do que ali , na sua vida rural, é deficiente para seu dia a dia. Assim é muito comum que a imagem fotográfica registrada dos personagens a cavalo, ou burro ou jumento esteja ali, em frente a um estabelecimento comercial, seja farmácia, padaria ou mesmo casa de produtor rural, assim como o Correio. As imagens dos carroceiros e daqueles que usam o carrinho de mão para levar as feiras para as casas dos seus compradores já tem um outro significado. Na sua maioria essas pessoas residem na periféria da cidade e trabalham com esses veículos para darem sustento a si e suas famílias.

Para finalizar esse trabalho fica aqui um adendo do professor da Universidade Federal da Paraíba, Mauro Guilherme Pinheiro Koury , paragráfo do texto “A fotografia como ampliação das narrativas de um povo ou cultura”, in “Os pesquisadores frente a um olhar da fotografia nas Ciências Sociais no Brasil” :

Nessa via, a fotografia é vista como uma fonte fundamental, de uma realidade estudada, e que não está mais presente. É vista como um real que não mais existe ou que se diferenciou com o tempo.”p.47


Bibliografia :

RODRIGUES, Adriano Duarte. “Tradição e Modernidade” Universidade Nova de

Lisboa, 1997

BARTHES, Roland. “A Câmara Clara”

JR, John Collier. “Antropologia Visual: A fotografia como metodo de pesquisa”

Editora Pedagógica e Universitária Ltda

Editora da Universidade de São Paulo

São Paulo 1973

KOURY, Mauro Guilherme Pinheiro. “Os pesquisadores frente a um olhar e ao

uso da fotografia nas Ciências Sociais no

Brasil”

Cadernos de Antropologia e Imagem

Programa de Pos-Graduação em Ciências [PPCIS]

Núcleo de Antropologia e Imagem [NAI]

Universidade do Estado do Rio de Janeiro[UERJ]



domingo, 12 de dezembro de 2010

Noite de Cine Brasil, no Dannemann


Foi bastante salutar a apresentação que a professora Sabrina e o professor Dilson fizeram ontem à noite no espaço Cultural Dannemann sobre os artistas plásticos Marepe e Lygia Clark.
Paralelo ao evento da Bienal, o espaço Dannemann apresentou uma semana de Cine Arte Brasil, com a presença de alguns professores da UFRB e alguns estudantes de Cinema, Artes Visuais e Museologia; quem não foi perdeu uma belíssima oportunidade de adquirir mais conhecimentos sobre a arte contemporanea brasileira. Depois de apresentar "O Mundo da Lygia Clark", filme documentário que o Eduardo Clark (filho dela) dirigiu na década de 70, fui convidada para dialogar sobre como foi o meu encontro/contacto com a artista; nunca imaginei que falar sobre um trabalho seria tão prazeiroso e que outras pessoas também tomassem parte desta vivência. Como sempre, a obra dela causou impacto nos presentes, e gerou uma polémica deveras importante, com bons argumentos da professora Sabrina e do professor Dilson para esclarecer a turma de estudantes presentes, o que aconteceu entre o momento da Arte Moderna brasileira e o movimento Neo-Concreto, movimento encabeçado por Lygia Clark, Ferreira Gullart e outros artistas no Rio de Janeiro, em meados dos anos 60 do século XX..

sábado, 11 de dezembro de 2010

antropologia visual


Estas fotos foram anexadas ao meu trabalho de conclusão do curso de Antropologia Visual, (neste semestre)que graças a D'us chegou ao fim! A ideia foi trabalhar visualmente com os meio de transportes usados pelo povo da cidade da Cachoeira baiana. E neste dia de chuva o grande modelo para meu olho de pombo foi esse gatinho branco todo aconchegado em baixo da carroça, meu objecto de estudo. "Os melhores olhares são aqueles sem intenção imediata", uma frase de autoria de uma filósofa desconhecida,,,,,

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

CHAFARIZ da cidade da CACHOEIRA BAIANA....





UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
CENTRO DE ARTES HUMANIDADES E LETRAS
CURSO : MUSEOLOGIA
DISCIPLINA : Sentido e forma da Arte Brasileira
Doscente :Profa. Suzane Pinho Pepe
EQUIPE: M.F.Pombo de Barros
Marcia M.Lop
M.Assunção
M.Rosenilda Oliveira
Chafariz Imperial na cidade da Cachoeira-Bahia
A História nos conta que o abastacimento de água potável para a maioria da população
brasileira até meados do seculo XX foi de forma precária e, portanto dificultosa. Em geral
cabia a organização das mulheres, isto é , fazia parte dos afazeres domésticos tudo o que tinha
a ver com a água. As mulheres lavavam roupas nos riachos (e aproveitavam e davam banhos
nas crianças, também e no final das lavagens ainda carregavam água na cabeça em potes de
barro sob rodilhos de panos para amenizar o peso); essa tarefa era sempre em grupo, pois
necessitavam de várias outras pessoas para carregarem as roupas lavadas e os potes d'água.
A tarefa de abastecer água nas vilas (depois cidades) era feita por escravos, sejam
carregando potes de barro ou ânforas de madeira, algum tempo depois essa tarefa foi
delegada aos burros; com o crescimento demográfico foi necessário inventar uma outra forma
da àgua ser distribuída à poplulação, foi ai que nasceram os chafarizes.
O Chafarizes na cidade da Cachoeira, Bahia nasceu com essa responsabilidade: de prover
o líquido precioso à sua população. Existiram vários chafarizes em diferentes bairros ; por
exemplo no bairro do Rosarinho, aonde tinha um chafariz, hoje tem uma residência, no bairro
do Caquende ficou difícil localizar aonde ficavam antigamente os chafarizes e apenas dois
foram localizados para fazer o presente trabalho : uma grande torneira na praça do mercado
municipal e o grande Chafariz na praça Aristides Milton.
A grande torneira em frente do Mercado Publico Municipal, durante a toda a semana
serve de apoio as cordas dos camelôs que exploram o espaço comercial deste logradouro,
apenas aos domingos é posivel vê-la em toda a sua beleza. Feita de ferro, não foi possível
localizar a sua data e não foi encontrada nenhuma referência aessa torneira nos canais pelos
quais pesquisamos para esse trabalho; e um grande Chafariz na Praça Aristides Milton, que é
o maior e hoje é um dos pontos turísticos da cidade. É neste Chafariz que o presente trabalho
fez um recorte para contar a História dos chafarizes e do abastecimento da água nos séculos
passados.
Chafariz Imperial, construído em 1827, feito de alvenaria mixta de pedra e tijolo em estilo
Neo-Clássico, era parte do abastecimento de água no município da Cachoeira. Tem sete
carrancas e as armas do Império; foi tombado pelo IPHAN....
O Chafariz é precedido de um pequeno átrio, elevado em alguns degraus em relação à
rua, onde era distribuída à água. A fachada do Chafariz franqueada por cunhais de alvenaria
culminadas por toucheiros, é subdividida em dois estágios por robusta cornija. Sete carrancas
na parede que serviam de bebedouros, feitas em ferro fundido, por onde a água escorria. No
alto, na parte central do monumento está estampada às armas do Império,feitas de estuque.
O Chafariz foi tombado pelo Património Histórico em 09 de agosto de 1939, segundo
referências a ele, o Chafariz , nos sites da COELBA e do Banco do Nordeste do Brasil.
É necessário aqui abrir um parentesis e falar do estado atual em que se encontra o
Chafariz Imperial.
Atualmente ele serve de abrigo para objetos dos comerciantes que exploram a região da
praça no horario comercial e por trás dele existe todo um entulho semelhante a lixo. Já faz
algum tempo que ele não recebe pintura e existem algumas pequenas amostras de vandalismo
no local.
Bibliografia: www.bahia.com.br/roteiros/7028
www.coelba.com.br/aplicacao/orientacao
www.bnb.org.br

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

um olho e uma borboleta

Posted by Picasa
A condição feminina no Brasil: século XVI

“Oh! se eu pudesse acreditar que fosse possível a
uma mulher (e, se for possível, quero esperá-lo de vós)
manter eternamente a lâmpada e
as chamas de seu amor, e conservar
sua constância sempre íntegra
sempre jovem, fazendo-a sobreviver
à beleza exterior pelo poder
de um pensamento que se
renova mais depressa
do que o sangue se esgota!"
William Shakespeare ,1744


Maria de Fátima Pombo de Barros


RESUMO

Este artigo é uma tentativa de falar sobre a mulher no Brasil, no século XVI, quando as únicas funções das mulheres era casar, cuidar dos maridos e dos inúmeros filhos. Uma dissertação sobre o início da vida destas mulheres desconhecidas e ainda pouco estudadas pela história, numa situação de “invasão” e “conquista”, entre dois grupos étnicos tão diferenciados: os brancos portugueses, navegadores do além mar e as mulheres tanto as índias (dos povos
ameríndios), habitantes do Novo Mundo, quanto as próprias brancas trazidas anos depois como “cargas” de Portugal, para povoar as novas terras conquistadas.

PALAVRAS-CHAVES: Colonia, mulher, igreja, domínio, navegadores.

INTRODUÇÃO

Ao escrever sobre a condição feminina das mulheres no Brasil do século XVI, a primeira impressão, é uma quase ausência do assunto, pouquíssimos documentos como fonte de informação , registros da época sobre tal assunto.
A condição feminina tinha esse estigma: a mulher era quase um ser invisível. Antes da chegada dos primeiros brancos, portugueses, europeus, às terras de Pindorama, já existiam habitantes, que os brancos deram o nome de Índios. Habitantes naturais, suas vidas transcorriam de uma forma que pouco se tem conhecimento do ponto de vista deles mesmos. Tudo que se sabe sobre os índios pré-coloniais se conhece do ponto de vista deste invasor branco. Como diz Freyre em trecho citado pelo historiadorVainfas,em“Homoerotismo
Feminino e o Santo Oficio”,p.115 “mal desembarcaram no Brasil e os lusitanos já tropeçavam na carne.”Continuando com Freyre “E as índias eram as 'negras da terra', nuas e lânguidas, com seus consentimentos, foram as futuras mães de 'Ramalhos' e 'Caramurus', todo um procedimento que desafiava , o rigor e a paciência dos homens da Igreja, os jesuítas.”
Ainda mais uma vez Gilberto Freyre, diz que “as índias foram amantes dos portugueses por razões 'priápicas', ou seja elas tinham uma espécie de culto, de adoração aos pênis.
A história das mulheres, não somente das primeiras mulheres do Novo Mundo, esta mesclada aos dogmas impostos por diferentes credos, religiões, filosofias desde que o homem tomou em suas mãos a directriz consciente de sua própria vida. E o principal elemento utilizado, para estes fins foi o medo. O medo do desconhecido. A mulher com todo um
conjunto de situações físico/biológicas era o verdadeiro poço do “desconhecido”. A forma despótica que o homem inventou e tratou a mulher em diferentes épocas, em diferentes culturas e em todas as civilizações, não poderia deixar de ser diferente nas terras do Novo Mundo. Esse comportamento de repressão se fez presente desde o inicio da colonização das terras de Pindorama.

DESENVOLVIMENTO

Segundo Arno Wehling e Maria José C. M. Wehling no livro Formação do Brasil Colonial, “(...)desde os primeiros anos foi intensa a miscigenação. E a nova realidade étnica da terra gerou problemas antes desconhecidos para a administração pública e a Igreja.”Isso causou no inicio uma dificuldade em organizar as relações sociais, actividade económica , a vida civil destas comunidades a partir da interpretação da cultura e a vida sexual, dado o moralismo
ortodoxo que a igreja inculcou deste o principio nas regiões por onde ela se fazia presente, aonde ela se impunha .Ainda segundo Arno,”(...)A falta de mulheres brancas na colónia parece ter sido geral ate meados do século XVIII”. Isso incomodava sobretudo aos jesuítas, no século XVI, pois isto favorecia que os homens brancos se utilizassem das índias para as suas necessidades fisiológicas. Na carta que Pero Vaz de Caminha escreve ao Rei de Portugal podemos observar esse olhar de cobiça dos brancos portugueses em relação às índias:
“(...)Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres novas,que assim nuas, não pareciam mal...”
Foi a partir deste incomodo que o padre Manoel da Nóbrega escreve cartas para a coroa portuguesa,pedindo “o envio subsidiado de mulheres mesmo de mau proceder”, fazendo com que o governo português patrocinasse a vinda das primeiras mulheres brancas.
“Já que escrevi a Vossa Alteza a faulta que nesta terra há de mulheres, com quantos homens casem e vivam em serviço de nosso Senhor, apartados dos peccados, em que agora vivem, mande Vossa Alteza muitas orphãs, e si não houver muitas,venham demistura dellas de quaesquer , porque são tão desejadas as mulheres brancas cá que quaesquerfarão cá muito bem à terra, e ellas se ganharão, e os homens de cá aparta-se-âo do peccado" (NOBREGA, Padre Manoel da, 1552 apud Ana Miranda em Desmund, 2003 p. 9)

Com o incomodo que estava claramente causando aos senhores da Igreja o comportamento do homem branco com as índias, essa gritante apelação da vinda das mulheres brancas para as novas terras, também vai remexer no caldeirão cultural da época, lá em Portugal. Importante falar dessas ditas mulheres escolhidas para aqui fazerem o papel
das procriadoras e mantedoras da alvura da pele dos senhores colonizadores. Citando Leila Mezan Algranti no seu texto Família e Vida Domestica, p.136 :”Desde o século XVI, quando, devido à falta de mulheres brancas, os colonos uniam-se em mancebias com as índias, era com as brancas do Reino que se casavam para estabelecer a descendência legítima e ampliar o património familiar”.
Em Portugal existiam confrarias que cuidavam de meninas e adolescentes órfãs e pobres; esses locais de internato existiam para manter as meninas “puras” e dignas de casamentos. Elas aprendiam, a bordar, costurar, etc.
“Estas casas destinavam-se a raparigas órfãs, porque a preocupação com estas meninas era muito grande. As Misericórdias guardavam essas mulheres, fechando-as do mundo e depois colocavam-nas na sociedade já casadas. (ARAUJO, 2008 paragrafo 27). Porém as autoridades olhavam com desconforto para esses conventos e recolhimentos femininos, dada , justamente a escassez de mulheres brancas, “ que reflectiria sobre a população, cujo crescimento era um dos axiomas do mercantilismo”, citação de Arno Wehling .
Por volta de 1552 aproximadamente, começaram a serem enviadas as novas terras, o Brasil, essas mulheres para desposarem os senhores de bem. Elas são enviadas como “cargas”.E essa mulher, branca, passa a ter um importante papel complementar no preenchimento demográfico do novo território. Para Del Priori (1993),”as relações de género serviram para a construção de estereótipos que estavam presentes no dia a dia colonial”. A diferença étnica da
mulher determinou a sua função social no Brasil colonial. Pois, enquanto índias e negras ( séculos seguintes) eram utilizadas como instrumentos de “prazeres ilícitos”, a branca, trazida da metrópole, garantia através da maternidade a alvura da pele, como anteriormente já foi citado.
E assim com a escassez das mulheres brancas, e os relacionamentos entre portugueses e índias de diferentes tribos que habitavam toda a costa litoral da nova terra, começa a base, à matriz, do povo que vai começar a existir neste novo território, que recebeu o nome de Brasil, por causa da sua vasta floresta de árvores com esse nome. Começa a partir deste momento uma desigualdade em todos os aspectos, embalsados pelos preceitos e dogmas cristãos, a
passividade feminina cada vez mais se solidifica. Como diz o historiador Arno Wehling,(...)Pois se esperava um comportamento padrão que foi definido por São Paulo e Santo Agostinho sobre a mulher e o casamento, reafirmados pelo Concilio de Trento no século XVI”; este comportamento reflectiam as concepções de sobriedade e equilíbrio no falar, no vestir,no comer,no beber, e no sexo, sendo a vida sexual restrita à procriação, por causa da inferioridade da mulher, baseada na definição clássica de Aristóteles, na Politica”. Como estava em plena ebulição o absolutismo, e os seus teóricos estavam interessados numa extensa população, a “ordem desejada “ por Deus era o casamento, e fora dele reinava apenas a devassidão e o pecado. E com base na autoridade intelectual aristotélica e de outros autores, assim como o ideal da “mulher virtuosa”, exigida pela Bíblia, a condição subalterna da mulher colonial, é uma herança das tradições cristalizadas desde a antiguidade clássica.
A mulher estava primeiro submetida a autoridade paterna, a figura do pai, com todo o seu despotismo e intolerância, em seguida submetida a autoridade do marido, (sempre criado a semelhança do próprio pai), e por fim ao filho, caso enviuvasse e tivesse um. As mulheres que não casavam (por razões diversas), eram sumariamente confinadas
em conventos, de onde nunca mais sairiam; quase nunca era uma escolha da própria menina, e sim, uma imposição social de ter uma representante da família nas diversas ordens religiosas cristãs. Neste particular seria pertinente comentar a vida sexual dessas reclusas, muitas adeptas do homoerotismo. Em “Homoerotismo feminino e o Santo Oficio”, na Historia das Mulheres do Brasil p.116 Vainfas diz :”(...)Não muito haveria a dizer sobre essas mulheres e
suas experiências no Brasil colonial, se não existissem os papeis do famigerado Tribunal do Santo Oficio, que desde meados do século XVI passou a incluir no seu foro o que chamava de 'abominável e nefando pecado da sodomia'.Falar dos amores femininos é, pois, falar também e muito da própria Inquisição.”
Na vida cotidiana essas mulheres estavam totalmente à frente dos afazeres domésticos, sendo-lhes proibida a saída às ruas desacompanhadas; elas só podiam sair de casa para assistirem à missa e sempre acompanhadas, pelos pais, mais tarde pelo marido e depois pelos filhos.
Como muito bem mostra Leila Mezan Algranti, em Famílias e Vida Domestica, p.122 :” O trabalho manual, por outro lado, sempre foi recomendado às mulheres pelos moralistas e por todos aqueles que se preocuparam com a educação feminina na época moderna, como forma de se evitar a ociosidade e consequentemente os maus pensamentos e acções. Ocupadas com o bastidor e a agulha, esperava-se que se mantivessem entretidas, não havendo ocasião para
agirem contra a honra da família. Almofadas e travesseiros recheados de penas, lã ou lanugem, colchões de palha, capim seco, macela ou chumaço (espécie de pasta de algodão em rama com que se almofada qualquer coisa) eram fabricados em casa e faziam parte dos afazeres manuais das mulheres.”
As praticas de mágica e feitiçaria também estavam muito ligadas as mulheres desta época, sendo que várias foram interrogadas e torturadas pelos senhores da Inquisição. A isso se atribui a ociosidade delas.
As documentações sobre a condição feminina no século XVI, são baseados, em sua grande maioria, nas mulheres consideradas de classe alta, pois ás mulheres pobres, que eram mais expostas as intempéries e maus tratos ,os relatos muito escassos, sendo o seu perfil, hoje levantados por pesquisas em historia social e mesmo assim, ainda estudos embrionários, e as poucas documentações referem-se a casamentos, separações ou comportamentos colectivos
que permitiram revelar o que acontecia com a mulher comum branca , índia, ou mameluca, e mais tarde com a chegada do povo africano em regime de escravidão, certamente a mulher negra. Ela seria livre ou escrava, doméstica, roceira, cozinheira, lavadeira, cartomante, prostituta;se livre, vivia agregada a uma família quase sempre extensa, embora não
necessariamente de senhores de engenho e recebiam pagamento ou presentes por pequenas tarefas. Se escrava, trabalhava para o senhor, ou para quem ele determinasse ; ou ainda no ganho, realizando tarefas cujas remunerações, entregava a seu senhor. As senhoras brancas em vários casos foram acusadas pela Igreja, de que se utilizavam de suas escravas como prostitutas, para ganharem dinheiro. Este padrão hierárquico, patriarcal criou um paradoxo: a mulher de classe alta, reclusa, a mulher pobre ou escrava, um objecto de trabalho e prazer....
Como a mulher estava relegada aos últimos planos da vida social, alguns historiadores dizem que isso contribuiu para que algumas mulheres dedicassem suas vidas a práticas religiosas que saiam do âmbito da Igreja Católica. Mulheres que se dedicavam as praticas de magias, bruxarias e feitiçarias.

CONCLUSÃO

Para concluir, pode-se perceber, que as mulheres hoje, não estão muito longe das desigualdades com que se depararam as mulheres, brancas , índias , negras e todas as outras mestiças que formaram desde o inicio da chamada“colonização brasileira”, a população deste país, Brasil.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALGRANTI, Leila Mizan texto “Famílias e Vida Doméstica” em “Historia da vida privada no Brasil”, Companhia das Letras 1998
ARAÚJO, Maria Marta Lobo de , “A assistência às mulheres nas Misericórdias portuguesas – século XVI -XVIII. Nuevo Mundo. Disponível no site:http://nuevomundo.revues.org
CAMINHA, Pero Vaz de, “Carta ao Rei de Portugal” 1500
DEL PRIORE, Mary texto ”Ritos da vida privada” em História da vida privada no Brasil”, Companhia das Letras 1998
NÓBREGA, Padre Manoel da, “Cartas”
SHAKESPEARE, William “Tróillo e Créssida volume I, p.103 Editora Nova Aguilar, 1989
VAINFAS, Ronaldo ”Homoerotismo feminino e o Santo Ofício” em “Historia da vida privada no Brasil”, 1998
WEHLING, Arno “Formação do Brasil Colonial” Editora Nova Fronteira, 1999
WEHLING, Maria José C. “Formação do Brasil Colonial” Editora Nova Fronteira, 1999

antropologia visual


E finalmente entreguei a pesquisa iniciada na cidade da Cachoeira de Antropologia Visual; um recorte para a utilização dos burros, jumentos e cavalos, carroças,e carrinhos de mão como meios de transportes face a modernidade dos automóveis e o cenário da cidade dentro da visão dos especialistas como um património tombado nacional.....

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

10 Bienal do Recôncavo continuando III




Linda instalação. Algo sobre opressão feminina. Material muito bem colocado. Fala sobre
esmagamento feminino. Gostei muito.
A foto do espaço interno do Centro Cultural Dannemann fotografado altas horas da noite.....

domingo, 5 de dezembro de 2010

Musical em Cachoeira



Uma coisa diferente. O incentivo ao artista do interior do Brasil. Músicas instrumentais. Sopro, madeira,,,, foi bonito. Um grupo muito bom de Feira de Santana fez uma mistura de Jazz com Bossa Nova, apresentando musicas com arranjos muito bacanas, do Hermeto Paschoal e outros. Os instrumentalistas de São Félix, apresentaram um repertório erudito com músicas de Mozart, Bach, Bhrams e Tchaykovsky... a única coisa esquisita foi : se tudo era patrocinado pela Petrobras, com incentivo da Lei Rouanet, por que os organizadores cobraram o ingresso, dentro do espaço ( auditório ) da Universidade? Sempre acontecem coisas esquisitas, afinal.....

10 Bienal do Recôncavo/ os objetos continuam...

Isso é uma torneira.
Isso esta exposto na 10 Bienal do Recôncavo.
Foi Marcel Duchamp em 1917 que expos em New York um urinol, causando um escândalo dos diabos no mundo da Arte da época. Puro Dadaísta, ele simplesmente deu risadas de tudo aquilo....agora 93 anos depois a torneira é apenas um objecto que alguns pensam que faz parte dos espaços do Dannemann, tipo algum lugar por onde sai agua para lavar o ladrilho,,, ate eu pensei, mas resolvi me aproximar e percebi que È sim uma arte contêmpôrânêa....
Ai eu pensei com meus botões : devia ter emprestado as duas torneiras que estão instaladas na minha sala , para expor em outro espaço que não seja na minha sala. Nesta minha sala um ex-salão de beleza, antes de eu vir morar na casa, o meu senhorio me deixou de herança as torneiras, que resolvi ligá-las por uma goma de boca a boca, e na goma instalar alguns objetos pendurados, estendidos como roupas num varal,que me dão prazer aos olhos.........

LEO FULD " The king of yiddish songs"

sábado, 4 de dezembro de 2010

10 Bienal do Recôncavo/ o objeto continua



Só falta a autora da obra, nua e rodeada de babões......

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

10 Bienal do Recôncavo continuando


A Carroça e o Homem contemporâneo....
Hoje, nesta noite fui ao Centro Cultural Dannemannn ouvir uma palestra de uma historiadora de Arte, Professora Sabrina Santanna.... bem interessante, coerente e mui importante para abrir o olho da mente de alguns estudantes da Museologia daqui, da Cachoeira baiana. E ao chegar um pouco antes do horário, fui dar umas voltas com a máquina pelas obras expostas da 1o Bienal, e não resisti em clicar mais alguns ângulos da obra adquirida pelo espaço Dannemann, para seu acervo. As contradições são impossíveis de serem despercebidas., como por ex. ; O que faz um milionário querer para si o retrato de um ser tão pobre que arrasta carroça pelos grandes centros urbanos, para tentar comer o pão de cada dia?..........